O papel de um educador, seja ele pai, mãe ou professor, é um dos mais desafiantes num determinado período da vida do ser humano. Educar é, sem sombra de dúvida, um processo longo, moroso, difícil, que faz pensar e repensar, mas ao mesmo tempo que recompensa e deixa o coração cheio, especialmente quando sentimos que estamos a caminhar na direção certa, seja ela qual for para cada um de nós. E a Parentalidade Consciente é isto mesmo, caminhar com a criança, lado a lado, nem um passo mais à frente e nem um passo mais atrás, num sentido único: a felicidade, envolvidos num relacionamento no qual prima o respeito e a dignidade pelo próprio e pelo outro.

Mas o que é isto de sermos felizes? Se procurarmos uma definição no dicionário, encontramos: “1. Estado de quem é feliz; contentamento, bem-estar; 2. Acontecimento feliz; bom êxito; 3. Boa fortuna; sorte; ventura”. A título pessoal e que pode ir de encontro ao que é discutido neste artigo, já Sigmund Freud dizia: “A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar por si, tornar-se feliz”, bem lá no fundo, nós sabemos, de forma consciente e própria, o que é sermos felizes e como é a sensação de o sermos.

Neste sentido, a Parentalidade Consciente, que poderia ser a Parentalidade da Felicidade, propõe que todos os cuidadores experimentem viver o seu relacionamento entre pai/mãe e filho(a) com base no respeito mútuo, olhando para as crianças como seres humanos inteiros, que necessitam de apoio e de orientação e não de humilhação. Deve ser uma forma de educar em equilíbrio, com firmeza e também muita empatia e generosidade (Dias, 2015). Pretende-se com esta filosofia, que os pais olhem para os seus filhos como seres com emoções, opiniões, necessidades e desejos e não apenas para o seu comportamento, pois assim através deste olhar é possível perceber o que é realmente necessário para que o comportamento se altere (Öven, 2015).

A expressão “nem 8 nem 80” resume muito, pois estilos parentais mais permissivos, em que o amor tudo compensa, mas é difícil impor regras e limites, ou mais autoritários, em que a disciplina se ensina com base no medo, extinguindo-se por completo a parte emocional, ou estilos mais negligentes, uma forma de maltratarmos o(a) nosso(a) filho(a), porque não estamos de todo presentes e também não temos interesse em participar nas suas vidas, em nada contribuem para um desenvolvimento normativo e seguro da criança. Desta forma, praticar uma parentalidade em que a criança sinta que é muito amada, respeitada e ouvida, e ao mesmo tempo em que lhe sejam impostas regras e limites para explorar e crescer com maior segurança, simultaneamente entendendo que o papel de pai ou mãe só a eles lhes cabe e que quem “manda” são mesmo vocês, é aquilo que se pretende.

Em suma, a prática da Parentalidade Consciente assume que não se faz coisas aos filhos mas sim com eles (Öven, 2015), no sentido de os tornar mais autónomos e independentes, curiosos, com elevada autoestima, resilientes e felizes, tornando-se essencialmente pessoas adultas capazes, física e mentalmente saudáveis. “Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro chama-se amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar e principalmente viver” (Dalai Lama), por isso, criem memórias, estejam mais presentes, sejam felizes e ensinem os vossos filhos a serem também!  

Joana Silva

Psicóloga