“Os catraios de agora só querem jogar no computador e estar na internet”, é uma expressão cada vez mais frequente nos adultos actualmente. Pais e avós que estranham esta diferença para com o seu tempo de criança, nas memórias da sua infância não era nada assim! Jogava-se e brincava-se com os irmãos em casa, ou na rua com os amigos e muitas vezes até tarde!

Se hoje os mais velhos estranham esta postura das crianças, estranhamos agora também, que os miúdos de há poucas décadas brincassem livremente nas ruas deste país. Não era perigoso? Ainda para mais, numa altura em que as crianças não tinham telemóvel para tranquilização celestial dos pais em saberem onde estavam os seus filhos.

Em ambas as situações se percepcionam condicionantes menos positivas, mas também se caracterizam vivências, aprendizagens e conhecimentos muito significativos para a vida. Se por um lado brincar com os amigos e com eles socializar é saudável, estar online a conversar com amigos, a navegar ou estar a jogar computador também o é! Assim comprovam os estudos efectuados em ambas as áreas.

O ar livre, o contacto com natureza, a socialização presencial com as outras crianças, a estimulação da destreza psico-motora são desde há muito evocados no desenvolvimento harmonioso da criança e adolescente. Contudo, estar online e jogar computador também é preciso e é, comprovadamente, benéfico.

Os mais recentes estudos realizados nesta área têm refutado a ideia de que os jovens que passam muito tempo no computador, não adquirem competências de socialização e se tornam mais isolados. Estar online não é sinonimo de estar isolado. Muito pelo contrário!São cada vez mais as possibilidades de uma criança e adolescente estar no seu computador a falar com os seus colegas da rua, mas também com os da aldeia dos avós, com os primos da França ou os amigos que fizeram nas últimas férias! É também um excelente meio das crianças mais acanhadas e reservadas poderem estimular a sua competência comunicacional e interpessoal que presencialmente poderia estar a ser comprometida.

As aplicações informáticas tendem a estar mais próximo das realidades dos jovens, mas também dos mais velhos como pais e avós. São cada vez mais as crianças e adolescentes que comunicam com os seus familiares através de aplicações na internet. Seja pela rapidez ou ausência de custos associados, seja pela vantagem em poder comunicar como alguém que está distante. Muitos dos nossos jovens comunicam também com os seus familiares que possam estar emigrados a trabalhar, matando saudades e aferindo das mútuas novidades. É uma realidade crescente que tem ajudado a manter contacto e superar as nostalgias de muitos familiares. Neste âmbito, os avós são geralmente os exemplos mais comuns. Falar através de vídeo-conferência é já uma actividade igualmente frequente entre avós e netos.

Estar online não é só sinónimo de estar na “conversa”. A internet apresenta-nos uma galáxia de oportunidades de informação em que o difícil é parar de escolher. Seja qual for o tema que desperte a curiosidade de quem está online, encontrará certamente muita informação sobre o tema. Poderá pesquisar, ver imagens, querer saber mais, saciar o seu desejo de conhecimento assim como também treinará competências de leitura e de triagem e selecção de informação no meio de tanto emaranhado de conhecimento.

Ficar online significa também jogar online. Os jogos de rede são cada vez mais populares entre os miúdos. Estes jogos, muitas vezes colaborativos, promovem a interacção e o trabalho de equipa, mas, estimulam e desenvolvem sobretudo a memória de trabalho. Neste âmbito as gerações mais recentes têm uma grande vantagem competitiva em relação às gerações anteriores. A estimulação deste tipo de memória verifica-se de extrema utilidade para o desenvolvimento de competências profissionais futuras. O desafio lógico e o desenvolvimento do raciocínio lógico-dedutivo é hoje mais presente e constante através dos inúmeros jogos disponíveis.

Actualmente, permanecer online não significa estar em frente ao computador. Encontrar-se online é estar ligado ao mudo, onde ele igualmente acontece, através do telemóvel, do smartphone ou do tablet. Numa sociedade digital, mas também numa sociedade de conhecimento, ter competências informáticas é fulcral para os profissionais do futuro. Desenvolver essa competência desde cedo tornar-se-á uma vantagem competitiva.

Estar online implica também, para além do domínio de competências informáticas, o domínio de competências linguísticas. Para além de ser possível com relativa facilidade aprender com cursos de línguas através da internet, as pesquisas a realizar, geralmente geram mais e melhores resultados se forem efectuadas em inglês, castelhano ou francês. São frequentes as crianças e adolescentes efectuarem pesquisas noutras línguas. A diversidade de conteúdos é maior, uma vez que existe uma maior comunidade online com esse idioma. Muitos deles utilizam também uma ferramenta que é o tradutor para efectuar a conversão para a língua portuguesa. Este sistema nem sempre funciona na perfeição e fornece resultados de tradução estranhos, que implicam que o cibernauta não confie na totalidade nos resultados da tradução, mas que se empenhe em ele próprio realizar o acompanhamento textual para aferir erros e compreender o que está a ler.

Socializar, brincar, praticar desporto, passear, conviver, fotografar, viajar, cair, trepar, correr, atirar, esconder, saltar, rebolar, descobrir, conversar, dormitar, mergulhar, ginasticar, voluntariar,… é preciso tudo isto para termos crianças felizes e saudáveis. É preciso estar online, mas brincar muito também! Boas brincadeiras…